Construir mais avenidas melhora o trânsito? Não necessariamente…





[ O Linear, O Sistêmico e o Complexo ]

Há muito que se sabe que mais ruas não necessariamente significam um trânsito melhor. Eis o chamado paradoxo de Bräss, que tomou esse nome por causa do alemão Dietrich Bräss, que o estudou nos fins da década de 1960, a partir do trabalho de urbanistas em Stuttgart. Verificou-se que a abertura de uma nova avenida no centro dessa cidade – que estava com problemas de congestionamento – piorou o trânsito em vez de melhorá-lo. Logo em seguida, o fechamento dessa mesma via resultou em melhoria do fluxo de carros.

Expliquemos. Ocorre que não é apenas o aumento do número de veículos que torna lenta sua circulação. Tal acontece por que a causa mais importante dessa dificuldade não está nas ruas em si, mas nos cruzamentos, isto é, nas conexões entre elas. Quanto mais ruas mais cruzamentos, e portanto mais possibilidades de lentidão no trânsito. De nada adiantará construir novas e amplas avenidas, se os múltiplos cruzamentos que a elas levarem e delas resultarem formarem uma rede de difícil acesso e estiverem inadequadamente localizados. Esse é um bom exemplo de um dos princípios fundamentais do pensamento sistêmico: o que realmente importante não são as partes do sistema em si, mas o modo como elas se inter-relacionam.


do livro: As Paixões do Ego – Complexidade, Política e Solidariedade de Humberto Mariotti


Assim como esse exemplo, existem inúmeros outros problemas atuais decorrentes do pensamento linear. Principalmente, aqueles relacionados ao meio ambiente. São séculos onde até então o pensamento linear contribui para o progresso da sociedade moderna, mas isso teve um custo. A grande dificuldade agora de encontrar soluções é a mudança na forma de pensar, pois os problemas decorrentes da forma linear de pensamento (onde as partes do sistema costumam ser observadas isoladamente) não resolverão os problemas por ela mesma criados.



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