Antropologia Filosófica : Questão 5

ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA

GRAU A – Questão 5

Ubirajara Theodoro Schier


Questão 5: Faça uma reflexão livre destacando os aspectos mais relevantes dos autores estudados, conclua com uma opinião pessoal à respeito.


Pode-se dizer, de maneira geral, que os autores Chardin, Cassirer e Castoriadis têm em comum o fato de buscarem respostas antropológicas como fundamento para se chegar à uma definição integral do homem. Para Chardin, a origem e evolução do homem depende, simultaneamente, de condições biológicas, antropológicas e planetárias. Uma definição integral do homem consistiria, para Chardin, sua biologia, a forma como vive em sociedade e a forma como habita e influencia a consciência do planeta como um todo. Em Cassirer, a definição integral do homem não pode se basear apenas na racionalidade, é preciso, também, estudar sua “irracionalidade” por meio de sua dimensão e inteligência simbólica. Já Castoriadis o que deve ser estudado para se chegar à uma definição integral do homem é se aspecto social, ou seja, é a sociedade em que ele vive e produz que o define.

Acredito que os questões antropológicas de uma maneira geral complementam os estudos filosóficos quando na busca de uma definição integral do homem. Entretanto, quando tratados como verdades únicas – no sentido que uma definição integral do homem é explicada apenas e somente da antropologia – desloca-se novamente o centro para o outro extremo da balança. Também não é possível, no meu ver, se chegar à uma definição integral do homem somente buscando respostas na antropologia. A tese defendida por autores de que o homem é definido única e exclusivamente pelo meio em que nasce, cresce e vive simplifica e reduz, no meu ponto de vista, a grandiosidade da existência humana. É supor que, de uma maneira geral, o homem recebe uma “alma em branco” para ser preenchida pelo meio, entre eles, principalmente, o meio social. Qualquer busca por uma definição integral do homem partindo deste princípio será, da mesma forma incompleta. Acredito que, apesar de sofrer a influência do meio desde seu nascimento até a hora de sua morte, existe algo na essência de cada homem que o define em sua singularidade, algo que nasce com ele, algo como sua alma.

O que podemos chamar de “determinismo social” é, no meu ver, uma crença que limita a existência humana. Por exemplo: Se o bisavô foi um grande médico, assim como também foi o avô e o pai, não necessariamente o filho tenha essa mesma vocação. Poderá, por influência do meio social, estudar e desempenhar com êxito essa profissão, mas talvez no fundo, o que essa pessoa realmente goste de fazer, com paixão, seja pintar ou escrever. Com sorte, se essa pessoa buscar se conhecer, poderá descobrir que sua real vocação seja pintar. E não é obrigação que essa pessoa tenha um talento para a pintura à altura do talento que ela desenvolveu para a medicina.

Pode-se dizer que essa pessoa poderia ser um excelente médico por conta do “determinismo social” ou então, se o clamor da alma falar mais alto, poderia ser também um famoso pintor ou escritor. Da mesma forma como o exemplo das “meninas lobo”, encontradas em uma caverna na Índia, que cresceram junto aos lobos e por isso não desenvolveram nenhum traço de comportamento humano, haverá sempre exceções à qualquer regra determinista, como por exemplo, alguém que nasceu e cresceu em determinado meio social com determinadas características bastante influentes, tenha, por assim atendido à um “chamado da alma” e ter tido um destino de vida muito diferente do meio social que, à principio, deveria tê-la moldado. Metaforicamente falando, acredito que a alma contém a semente da existência de um homem. O meio social é o lugar onde essa semente cai, podendo esse ser um meio fértil ou não – facilitando assim ou não a transformação da semente naquilo que ela deve se tornar.


REFERÊNCIAS

CASSIRER, Ernst. Antropologia Filosófica. [tradução de Vicente Félix de Queiroz]. São Paulo: Mestre Jou, 1977.

CASTORIADIS, Cornelius. As Encruzilhadas do Infinito IV – A ascensão da insignificância. [tradução de Regina Vasconcellos]. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

CHARDIN, Pierre Teilhard De. O Fenômeno Humano; [tradução de León Bourdon e José Terra]. Porto: Livraria Tavares Martins, 1970.

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