Teoria da Escolha:
O primeiro tempo consiste em estabelecer que uma escolha verdadeira (uma escolha que se refere, diz Deleuze, a “determinações existenciais”; IT, 230) tem como motivo não os termos explícitos da escolha, mas “o modo de existência daquele que escolhe” (ibid.). Daí passa-se facilmente ao tema conhecido de Kierkegaard: uma escolha autêntica nunca é escolha disto ou daquilo; é a escolha de escolher, a escolha entre a escolha e a não-escolha. (pág. 19)
… a escolha é tanto mais “pura” quanto mais for automática, que na realidade somos nós que somos escolhidos, e não, de modo algum, como pretende a filosofia da representação, que somos o centro, ou sede, de uma decisão: “Só escolhe bem, só escolhe efetivamente aquele que é escolhido” (IT, 232). (pág. 20)
Condições do Pensamento:
Ora, essas condições dependem de uma depuração, de uma sobriedade, de uma exposição concentrada e lúcida à soberania imanente do Uno. Trata-se, por uma tensão que renuncia à evidência das nossas necessidades e das posições ocupadas, de ir até esse lugar vazio, onde as potências impossoais nos pegam e nos obrigam a fazer existir o pensamento através de nós: “Fazer circular o compartimento vazio, fazer falarem as singularidades pré-individuais e não pessoais […] é a tarefa de hoje” (LS, 91).
Pensar não é o escoamento espontâneo de uma capacidade pessoal. É o poder, duramente conquistado contra si, de estar obrigado ao jogo do mundo. (pág 20)
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