trechos extraídos do livro de Richard Wilhelm:
“Muda constantemente a natureza, porém sempre ao longo das mesmas estações. Nunca as mesmas flores, mas sempre primavera. Os fenômenos são incontáveis e distintos uns dos outros, porém regidos, em suas tendências de mudanças, pelos mesmos e constantes princípios.”
“Aprendendo-os, descobre-se o simples por detrás do complexo, o que implica também no fácil, que é a trajetória e o percurso de tudo o que acompanha o ciclo em vigência. Fluindo em acordo com as circunstâncias, evita-se o atrito, escapa-se ao desgaste. O caminho do fácil é duradouro e espontâneo, pois não exige esforço. Assim como a água descendo a montanha, diante de nada recua, diante de nada insiste; mergulha, desvia, contorna, adapta-se sem resistência e chega, pois, infalivelmente ao que lhe responde.”
Estes parágrafos que selecionei da obra de R. Wilhelm sintetizam para mim as razões principais pelas quais me lancei ao estudo do I Ching. O I Ching não nega a unicidade da Existência e dos fenômenos, mas, ao mesmo tempo, dá luz às leis que regem a forma como estes fenômenos evoluem e mudam ao longo do tempo.
Nada é eterno… mais cedo ou mais tarde um ciclo se encerrará para que outro tenha início. Resistir à mudança dos fenômenos é negar a própria Existência. Pode ser feito, mas é efeito é o mesmo de se passar um cheque pré-datado…. um dia ele precisará ser compensado… até que isso aconteça, cria-se um “débito” em relação à própria Existência. A missão de cada um é, no meu ver, é simplesmente a de viver sem débitos. Fácil?! Com certeza que não!!!
Há muito que o Homem se separou da natureza… mas isso foi algo que aconteceu apenas na cabeça dele. Não apenas o Homem, mas tudo que existe no plano material segue determinadas Leis… essas Leis são imutáveis… elas já existiam antes do Homem e continuam existindo… as Leis que regem a natureza das coisas, também regem as coisas dos Homens…
Vivemos acreditando que estamos desconectados, quando não estamos… resistimos e na resistência nos desgastamos, sofremos e acabamos tomando o caminho mais difícil… preferimos resistir, confrontar em vez de contornar, desviar e seguir em frente. O caminho que o I CHING pode nos mostrar é o caminho da água que desce a Montanha… mas para nós, mentes complicadas, seguir o simples ainda é uma das tarefas mais difíceis…
O tempo das coisas é diferente do tempo em que queremos as coisas… isso talvez seja uma das primeiras lições a serem compreendidas… sempre em que decidirmos agir em função do tempo em que queremos as coisas, estaremos sempre seguindo um caminho mais difícil… que pode até nos levar onde queremos, como, também, de volta de onde partimos…
Os chineses têm muito incorporado à sua cultura e tradição uma sabedoria associada com a natureza…. eles observam a natureza, a forma como ela se comporta, e dela tiram lições… Com isso automaticamente eles podem estar aplicando o I Ching, ainda sem saber, uma vez que as leis que regem a natureza são as leis imutáveis explicadas no Livro das Mutações.
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