Esse livro se fundamenta na observação das áreas do cérebro que são ativadas (ou não) em determinadas circunstâncias por meio da análise das imagens obtidas por meio de ressonância magnética.
Dispondo desse recurso, o interesse do autor foi o de observar o comportamento do cérebro quando nenhuma atividade estivesse sendo executada comparado na condição contrária.
O objetivo do autor, ao que me parece, é identificar em que o cérebro está focado quando absolutamente nenhuma tarefa está sendo realizada. O mesmo denomina esse como sendo o estado padrão do cérebro, ou seja, o estado para o qual o cérebro retorna quando uma tarefa é concluída e não há nada mais a se fazer (“rede padrão”).
“Talvez a rede padrão que surge quando recebemos uma pausa na realização de tarefas cognitivas está envolvida na cognição social, na capacidade de pensar em outras pessoas e em nós mesmos. Demorou um pouco para descobrir se isso era verdade ou não, porque os neurocientistas sociais não estavam prestando atenção à pesquisa na rede padrão no início. O que o cérebro faz quando paramos de realizar uma tarefa motora não soa como o tipo de coisa que um neurocientista social faria geralmente se preocupam. Mas, por acaso, a rede no cérebro que aparecer de forma confiável durante os estudos de cognição social é praticamente idêntico à rede padrão. Em outras palavras, a rede padrão suporta a cognição social – dando sentido a outras pessoas e a nós mesmos.” (Lieberman, 18-19).
“Quando vi pela primeira vez a sobreposição entre a rede padrão e a rede de cognição social, não achei que fosse particularmente significativo por esse mesmo motivo. Toda essa sobreposição nos diz é que as pessoas normalmente têm um forte interesse no mundo social e provavelmente optarão por pensar nisso quando tiverem tempo livre. Desde então, me convenci de que eu tinha o relacionamento entre essas duas redes ao contrário. E essa reversão é tremendamente importante. Inicialmente, pensei: “Ativamos a rede padrão durante o nosso tempo livre, porque estamos interessados no mundo social.” Embora isso seja verdade, o inverso também é verdadeiro e muito mais interessante: agora acredito que estamos interessados no mundo social porque fomos criados para ativar a rede padrão durante nosso tempo livre”. (Lieberman, 19).
Ao analisar as imagens cerebrais quando na ausência de tarefa – “default network” – os neurocientistas observaram que as mesmas áreas do cérebro foram ativadas quando em uma situação de cognição social – “rede de cognição social”.
Na minha concepção o autor se baseia em uma inferência concluída a partir dessa observação: Basicamente ele inferiu que, como as mesmas áreas do cérebro foram ativadas em ambas situações, apresentamos naturalmente um interesse social sempre que não há para se fazer como, também o contrário – ou seja – a de que procuramos o tempo livre por que temos interesse social.
Nas palavras do autor:
“I now believe we are interested in the social world because we are built to turn on the default network during our free time.” (Lieberman, 19).
Na minha percepção, trata-se de uma inferência pressupor que uma mesma área do cérebro não possa simplesmente tratar da “não-atividade” como também tratar do “interesse social”.
Eu poderia da mesma forma, com a base na descoberta dos neurocientistas, interpretar da seguinte forma:
Se ambos estados ativam a mesma área cerebral, poderia concluir com isso que o benefício proporcionado pelo estado de “não-atividade”, seria similar ao benefício proporcionado pelo estado social. Em outras palavras, ambos estados, cada um à sua maneira, produzem efeitos positivos similares no cérebro.
Enfim… se ambos estados ativam a mesma área do cérebro, acredito que podemos comparar à dois caminhos diferentes, mas que chegam no mesmo lugar.
O autor entretanto, infere a existência de uma relação causal entre dois estados observados que ativam a mesma área do cérebro.
(segue a leitura…)
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