Os dois filhos de Francisco – Uma visão da epistemologia da religião de Wittgeinstein

Os dois filhos de Francisco

Francisco era um humilde pescador que vivia em uma praia remota, longe dos grandes centros urbanos. Em virtude de sua profissão, sabia nadar com destreza e por isso não temia sair com seu barco em dias de mar revolto. Francisco casou e teve filhos gêmeos: João e Pedro. Ambos cresceram saudáveis e passaram a frequentar a escola, porém, a partir de uma certa idade, precisariam aprender a pescar para ajudar o seu pai.

João não era muito dedicado aos estudos, porém estava envolvido sempre em atividades esportivas ou afins; Pedro era mais estudioso, e cumpria apenas as atividades físicas obrigatórias exigidas na escola. Quando completaram 13 anos, Francisco começou a ensinar seus filhos a pescar. Em determinado momento Francisco sabia que eles também precisariam, por motivos de segurança, aprender a nadar. Francisco, entretanto, como não tinha tido nenhum estudo, estava limitado a transmitir seu conhecimento da mesma forma como havia aprendido com seu pai.

Francisco levou João e Pedro para a beira de um pequeno penhasco que avançava cerca de 50 metros mar adentro. Francisco então ensinou João e Pedro da mesma forma como havia aprendido: disse à eles que poderiam saltar do penhasco e que deveriam mexer os braços e as pernas em direção à praia, e que assim aprenderiam a nadar. João mais que prontamente, sem pensar,  pulou na água, mergulhou, e alguns segundos depois surgiu sob a superfície movimentando seus braços e pernas, avançando em direção à praia. Pedro por sua vez não confiou muito nas instruções recebidas do pai e, assim, não sentiu segurança em saltar do penhasco naquele dia. Em vez disso, preocupado em como poderia aprender a nadar para ajudar seu pai, resolveu ir à biblioteca da escola, onde então procurou aprender sobre o esporte da natação.

Pouco tempo depois João já sabia nadar o suficiente para ajudar seu pai a pescar. Pedro, ao contrário, se aprofundava cada vez mais nos estudos sobre a natação e, por algum motivo, começou a demonstrar muito interesse sobre o assunto. João já pescava e nadava com seu pai, enquanto Pedro seguia aprendendo sobre a natação. Passado alguns meses, quando Pedro já tinha adquirido conhecimento e interesse pelo esporte, este acordou e se dirigiu à beira do penhasco, de onde pulou e nadou em direção à praia. Pouco tempo depois, Pedro já estava nadando e ajudando seu pai a pescar junto com João. Pedro, entretanto, sempre que retornava de um dia de pesca no mar, ainda se dedicava em aprimorar sua habilidade em nadar, como também, continuava frequentemente à biblioteca da escola para aprender ainda mais sobre o esporte.

João se tornou um exímio pescador e raramente se via em situações em que precisasse nadar; Pedro convenceu seu pai a largar a pesca para poder se dedicar à natação. Quando necessário, Pedro ajudava João e seu pai na pesca, e estes, por sua vez, acompanham e incentivam o irmão nas competições de natação da escola.

Moral da história: Quando queremos, podemos aprender algo por meio da fé, por meio da razão, ou o mais provável, por meio de ambos.

“Crê para compreender, compreende para crer”.

Santo Agostinho

 

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