O aprendizado do I CHING: O Céu Anterior e o Céu Posterior

Primeiramente uma breve definição, extraída deste site:

Os oito trigramas do I Ching, quando reunidos, são chamados de Ba Gua, que literalmente significa exatamente isso: oito trigramas. Eles são arranjados em duas disposições distintas, denominadas de Sequência do Céu Anterior Sequência do Céu Posterior.


Sequência do Céu Anterior – ou Sequência que Antecede o Mundo – foi dada pelo lendário Fu Hsi que, conforme a lenda, recebeu a revelação de um cavalo-dragão. O Céu Anterior representa a ordem do Universo, o mundo anterior à criação, o mundo das ideias e das abstrações, o destino imposto pelo céu. Na medida tradicional chinesa, o Céu Anterior está associado ao karma e à hereditariedade.
No diagrama do Céu Anterior, tudo é estático, não há tempo ou espaço. Os trigramas estão dispostos em eixos, com seus pares em oposição, de forma que cada um contenha três linhas yin e três linhas yang, mantendo assim a harmonia das duas polaridades. É nele que se dá a origem de tudo.
Já a Sequência do Céu Posterior – ou Sequência Interior do Mundo – foi criada pelo Rei Wen, utilizando como base o quadrado mágico de Yu, o Grande, que o viu no casco de uma tartaruga no Rio Amarelo, e significa a mudança e o movimento, o mundo posterior à criação, o mundo dos fenômenos objetivos e materiais. Ele representa o movimento do planeta Terra, a ordem das estações do ano. Cada trigrama irá evoluir para o próximo de acordo com as leis naturais do mundo.
Assim, podemos associar o Céu Anterior ao Um, o Taiji, enquanto o Céu Posterior representa as Dez Mil Coisas.
Bom… neste post quero fazer uma crítica quanto ao uso da sequência do Céu Posterior no aprendizado do I Ching.
Acredito que o I Ching é um caminho que se escolhe percorrer… e que pode levar uma vida inteira com ainda muito por aprender. Entretanto, tenho certeza de que o aprendizado poderia ser mais efetivo à partir do momento em que fosse possível entender uma certa lógica nas sequências dos hexagramas.
Interpretar o significado isolado de um hexagrama é uma coisa… já saber como os hexagramas se relacionam para compreender de que forma funciona o fluxo natural das coisas, é bem outra…
Tanto nas obras de Richard Wilhelm quanto de Alfred Huang, senti enorme dificuldade em entender como os hexagramas se relacionavam. Buscava, através deles, compreender o “fluxo”.
Agora recentemente que aprendi que existia mais uma sequência, a do Céu Anterior, consigo entender o motivo de não ter entendido por meio do estudo dos textos destas 2 obras, entre outras.
Ocorre que a sequência do Céu Posterior, a maioria dos hexagramas estão dispostas em seus pares complementares. Vejamos por exemplo os hexagramas 42, Aumento, segundo a obra de Alfred Huang:
No Hexagrama 42, Aumento, no texto “Sequência do hexagrama”: 
“Quando a diminuição termina, certamente virá o aumento. Assim, depois da Diminuição (41) vem o Aumento (42)”.
Bom… esse trecho fundamenta à sequência do Céu Posterior criada pelo do Rei Wen. Entretanto, existe uma contradição a explicação desta sequência com outros textos da mesma obra. Vejamos:
Para que o hexagrama 42 seja sequência do hexagrama 41, é preciso que a quinta linha (de baixo para cima) alterne de YIN para YANG, ao mesmo tempo em que a segunda linha necessita alternar de YANG para YIN. Nesse caso, segundo a regra definida na página 17, quando na ocorrência de 2 linhas móveis, uma YANG e outra YIN:
“Quando há mais de uma linha móvel, sobretudo quando os Textos dos Yao das linhas móveis apresentam conflito entre si, torna-se complicadíssimo obter uma resposta clara. Para solucionar esse problema uso o seguinte método, também ensinado pelo Mestre Yin:
1. Se há duas linhas móveis – uma YIN e a outra YANG -, consulta-se apenas a linha móvel YIN”.
2. …”
Todas as regras apontam a necessidade da escolha de uma das linhas móveis e no caso da sequência entre os 2 hexagramas acima, ocorrem 2.
Tanto é verdade, que se observarmos o hexagrama 41, a alternância das linhas móveis apontam a sequência dos seguintes hexagramas:
(1) Nove na primeira posição. Diminuição alterna para a Infância (4)
(2) Nove na segunda posição. Diminuição alterna para Nutrição (27)
(3) Seis na terceira posição. Diminuição alterna para Grande Acúmulo (26)
(4) Seis na quarta posição. Diminuição alterna para Diversidade (38)
(5) Seis na quinta posição. Diminuição alterna para Sinceridade Profunda (61)
(6) Nove na sexta posição. Diminuição alterna para Aproximação (19)
Foi nesse ponto que eu travei. O hexagrama Diminuição não teria que alternar para o hexagrama 42, que seria o próximo da sequência segundo o texto??? Não… pois para isso precisaria considerar 2 linhas móveis, enquanto que os hexagramas só alternas considerando apenas uma.
Bom… posso dizer que encontrei lógica somente quando tomei conhecimento da sequência do Céu Anterior, pois considera somente uma linha móvel para apontar os hexagramas alternantes. Como é binária, isso significa “um bit por vez”, ou “uma linha por vez”, indicando que as mudanças são graduais. Ao mesmo tempo, a alternância de cada uma das seis linhas dará sequência à um hexagrama diferente.
Conclusão:
A partir desse entendimento, prefiro utilizar a sequência do Céu Anterior para compreender o fluxo do I Ching e continuar usando a lógica binária para aprofundar os conhecimentos.

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