Ao que me parece, tanto as teorias de Locke quanto Berkeley apresentam, conforme verifica-se no texto, alguns “pontos cegos” em relação à tentativa de explicação de alguns conteúdos sob o ponto de vista empírico. Acredito que isso ocorre na tentativa de tentar explicar “coisas” que não existem dentro dos limites da experiência, e que, por esse motivo, é que existe a Metafísica, visando buscar respostas – por meio da razão – destas “coisas” que se situam além da fronteira da experiência.
“Assim sendo, encontramos, em todo empirismo tradicional, uma submissão radical ao caso da primeira pessoa, uma crença de que toda filosofia deve ser resolvida pelo apelo à minha experiência e pelo estudo detalhado de como as coisas me parecem.” (SCRUTON, Pág. 106)
Acredito que a confusão se dá quanto tentamos explicar uma experiência por meio da razão, como também o contrário. Imagine um churrasco de picanha. Um churrasco de picanha é algo que só pode ser explicado por meio da experiência, nunca por meio da razão. Qualquer conhecimento a priori estará equivocado, pois é impossível.
Por outro lado, como pode um filósofo empirista em sua essência, não ser ateu ou, então, buscar explicações acerca de sua existência? Creio que não é possível relacionar à qualquer experiência que seja, uma causa divina. Não se pode afirmar, por meio da experiência, que o que ocorreu ali naquela experiência seja prova de que Deus exista. Cientificamente falando, um evento divino não pode ser reproduzido aplicando-se as mesmas condições. Portanto, não me parece ser possível qualquer conhecimento empírico acerca do mesmo.
Assim, não há o que se determinar acerca da existência de Deus por meio da experiência, mas sim por meio da metafísica. E da mesma forma que não há o que se determinar acerca do sabor de um churrasco de picanha por meio da metafísica, mas sim por meio da experiência.
Querer explicar algo somente por meio da experiência ou somente por meio da razão é limitar o conhecimento que se pode alcançar. Pode ser que por vezes isso seja necessário para ser possível que se chegue à alguma conclusão, por vezes não, ou seja, tanto o racionalista não poderia ignorar o conhecimento empírico acerca de um objeto, como tampouco o contrário.
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