O dia em que pedi um conselho à meu pai, sobre aceitar ou não uma nova proposta de emprego. Eis o que ele me respondeu no dia seguinte…
O CAMINHO DA LUZ
Um jovem de boa aparência, com educação e cultura acima da média, outro dia andava pelas margens de um riacho de águas transparentes. Era um de seus prazeres favoritos, conhecer lugares diferentes, pessoas diferentes e vida nas naturezas diversas. Constantemente mudava-se de lugar e região com propósito de encontrar experiências.
Junto a este riacho, de repente, gritou o jovem entusiasmado: olha que vejo? Uma pedrinha que brilha. Sua voz foi tão forte, que a distância poderia ser entendida. Dentre muitas pedras e pedregulhos de cascalho redondos destacava esta pedra, com um brilho ofuscante e fora do comum.
O jovem correu alguns metros, tropeçando entre pedras e galhos de árvores tomou a pedrinha e disse: meu Deus que fiz para merecer esta pedrinha brilhante? Tenho já andado por tantos lugares por tantos caminhos mas nunca encontrei um tesouro como este que me enche de luz. Que faço? Diz o jovem para sí mesmo e para os ventos na floresta. Julgou ser dono desta luz pois foi na natureza que encontrou. E assim decidiu: É minha. Pensou o jovem. Sua consciência, com esta decisão, ficou convencida do achado. Foi como se um presente da natureza estivesse ali esperando por ele, no monte de tantas outras pedrinhas e pedregulhos, aquela luz no seu caminho.
Saiu feliz saltitando de alegria e gritando aos ventos: Hoje recebi um presente da natureza, meu Deus obrigado, que fiz por merecer esta luz brilhante? Ficava se indagando. Prometeu jamais se separar desta luz, e, a partir daí colocou sempre no bolso de suas calças.
Assim o jovem foi se tornando adulto e sempre em contato com a natureza, que era o que mais gostava. Andava por caminhos diversos, locais diferentes sempre distantes uns dos outros. Foi desbravando o mundo, mas sempre com a pedrinha de luz no bolso ou em sua mesa de trabalho quando em casa.
Quis o destino que ao longo destas caminhadas, encontrasse mais 3 pedrinhas de luz, que também carregava em seu bolso aumentando o peso, pois já eram 4 as pedrinhas de luz, que somadas faziam sentir a diferença quando de suas caminhadas.
Numa destas andanças, sempre a beira de riachos entre florestas e cascatas, se deparou com um velhinho acocorado pescando. Perguntou: que fazes com os peixes que pescas? O velhinho já com uma corcunda saliente, rugas bem delineadas no rosto, com voz cansada e rouca disse: olha moço eu só pesco o suficiente para hoje. E amanhã retrucou o jovem. Bem amanhã é outro dia e certamente me encontrarás aqui pescando.
O jovem percebendo que este velhinho com sua sabedoria tinha algo a ensinar continuou: diga-me amado senhor, onde aprendeste tão simples lição de vida? O velhinho virou-se e disse: estás vendo aquela montanha lá no fundo do vale? O jovem fez um esforço em por entre as grandes árvores avistar a montanha. Sim disse o jovem. Pois então vá até lá e encontrarás a resposta. Encontrarás a sabedoria que fez a diferença em minha vida. Tudo mudou em mim, diz o velhinho, já com a vós engasgada e com um peixe recém pescado. Obrigado amado senhor, fique com Deus disse o jovem.
Bastou ouvir isto para o jovem encarar mais este desafio, e partiu por entre as pedras rumo a montanha mágica onde a sabedoria daria as respostas a muitas dúvidas que estava vivendo no momento. O velhinho virou-se e continuou na sua labuta diária.
Já quase no sopé da montanha pensou o jovem em desistir, o cansaço era grande e as 4 pedrinhas já eram pedronas de tanto peso que faziam no seu bolso. Sentou-se a beira do caminho e comtemplou. Já era tarde e uma neblina surgia entre a mata. De repente avista bem acima de onde estava, uma casinha de palha tal como o amado senhor havia descrito.
Num esforço sobrenatural o jovem encontrou novas forças para seguir até a casinha.
Lá chegando encontrou uma pessoa, que vestida de um manto marrom , que mais parecia um monge. Logo percebeu que era um vivente em meditação e passou a chama-lo de Mestre. Antecipando ao jovem o Mestre foi perguntando, como que adivinhando suas dúvidas. Que trazes aí neste bolso cheio? 4 pedrinhas diz o jovem. Sem perceber que no fundo não eram estas suas duvidas. Aproveitando o interesse do Mestre perguntou o jovem: que faço com elas, já que recebida natureza como presente e hoje iluminam meu caminho.
O Mestre em só uma frase respondeu a todas perguntas que o jovem pensava fazer. Se na natureza encontraste à natureza deves devolver. Depois de muito tempo em silêncio meditativo o jovem partiu de retorno a sua vila.
De volta a vila, e sempre meditando nas palavras do Mestre, o jovem tomou a atitude de colocar as 4 pedrinhas em exposição na escola onde havia estudado quando menino. Foram muitas as surpresas: a todo o momento encontrava crianças com seus pais admirando a beleza da luz que destas pedrinhas irradiava. Foram muitos os agradecimentos que professores e educandos faziam, que o jovem, agora já bem adulto sentia-se constrangido.
Outro dia, pela escola passou um pesquisador que, a pedido do diretor, veio proferir uma palestra. O pesquisador vendo as pedrinhas irradiantes de luz se deslumbrou e mandou logo chamar o dono das mesmas.
Ao jovem o pesquisador ofereceu uma vultos a quantia em dinheiro por uma delas, exatamente a primeira que o jovem encontrou no riacho. Em face do vultoso valor oferecido o jovem não teve pronta resposta, e solicitou um tempo para pensar sobre a oferta. Mas mesmo assim perguntou: que o senhor fará com a pedra? Prontamente respondeu o pesquisador: guardarei numa caixa de jóia e mensalmente abrirei para apreciar sua luz irradiante, O jovem ficou intrigado com esta resposta.
Foi uma longa e meditativa noite, não saia da cabeça do então jovem agora adulto, a vultosa quantia oferecida que se misturava com o sábio ensinamento recebido do Mestre da montanha, da natureza recebeste à natureza devolverás. Acordou pela manhã com a escolha feita, o Mestre tem a palavra final que vem da sabedoria e não do desejo.
Pela manhã foi a escola na hora da palestra e agradeceu ao pesquisador pela oferta, respondendo que não estava interessado na venda mesmo pela soma enorme que ofertou pela compra. O pesquisador, mesmo sem entender o motivo de tamanho desinteresse pelo valor oferecido ficou sem alternativa.
Assim esta pedra como as outras 3 ficaram expostas em várias outras escolas, sempre irradiando uma luz penetrante e colorida, diferentemente da situação de aprisionado numa caixa de jóias, foi levando ao mundo as diversas facetas de luz.
Este é o conselho: “Onde você mais brilha, lá deves estar”
Autor: Vilson Montemar Schier, 16 de fevereiro de 2013.
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