O “Vanquete” Parte 2 : Sobre por que devemos escolher não comer carne

continuação de: Sobre por que comer carne seria imoral

 

Sobre por que devemos escolher não comer carne

parte 2

 

 

Ubíracles: Olá meu grande amigo Brunófeles! Que felicidade revê-lo! Aproveitastes bem seu período de descanso?

Bronófeles: Que satisfação ouvir-te estimado mestre. Sabes que aproveitei e  muito meu tão prazeiroso ócio, este que me estimula a desgarrar-me de pensamentos banais e me aproximar novamente de minha ingenuidade.

UbíraclesPois bem estimado discípulo, confesso que minha consciência me obrigou a seguir refletindo acerca do que debatemos em nosso último encontro e acredito, olhando sob outro ponto de vista, poderíamos dizer que não seria imoral comer carne – como já havíamos concluído – mas que, em determinadas circunstâncias seria errado. Pergunto-te estimado pensador, não seria isso algo próximo do que buscavas quando atribuías a imoralidade à tal ato?

Bronófeles: Pois bem caro amigo. Entendo por errado algo que não segue uma direção certa ou apropriada, então creio que sim, esse me parece um pensamento digno de minhas angústias para com a vida.

UbíraclesEstimado Brunófeles, faço das tuas angústias as minhas! Mas gostaria primeiramente de retomar do ponto onde paramos em nosso último encontro, pois assim evitamos quaisquer problemas de comunicação, importa-te?

Bronófeles: Pois bem, façamos esse favor aos nossos pensamentos.

Ubíracles: Bom… havíamos concluído que enquanto determinado comportamento não é ilegal e tampouco imoral, ficamos da dependência do que acredito poder chamar de: “entendimento individual” de cada ser humano frente à, no nosso caso, uma nova informação ou descoberta.

Em nossas angústias essa descoberta seria a de que os animais são seres sencientes, e que em função desta, o comportamento que se refere ao ato de comer carne deveria ser naturalmente abolido por cada indivíduo, dado que o mesmo implica em promover, seja direta ou indiretamente, sofrimento e dor aos animais – desde sua a criação até o seu abate –  sendo estas sensações similares ao que sentiríamos se estivéssemos nas mesmas condições. E que, tal como concluímos, tal mudança de comportamento depende unicamente deste entendimento individual. Concordas com tais argumentos meu nobre colega?

Exemplo similar, como bem colocastes, seria o que ocorreu com a escravidão, onde desde seu início a mesma era considerada legal e moralmente aceita pela maioria, até seu declínio, onde a mesma passou a ser considerada ilegal e moralmente rejeitada pela maioria. E que, da mesma forma, tal mudança de comportamento é resultante de uma mudança de entendimento individual, também iniciado por uma minoria.

A grande diferença é que agora uma minoria defende uma mudança de entendimento individual e, consequentemente, também uma mudança de comportamento do indivíduo ser humano em relação à todas as espécies de animais sencientes, estou certo? E que tal mudança ainda se faz mais complexa do que a culminou com o fim da escravidão, pois nesta tratávamos das semelhanças entre os indivíduos de uma mesma espécie – o ser humano – e agora estamos a defender que seres humanos e animais sencientes tenham um mesmo tratamento. Concordas? Consegui ser claro na exposição dos meus pensamentos a ponto de não divergirmos em relação aos mesmos estimado discípulo?

BronófelesCaro amigo, acredito que assim como costuma dizer nosso grande companheiro Aríspaulo, que a poucas horas estava a desjejuar conosco, fizemos o parto de nossas ideias e creio que devido ao trabalho que tivemos para realizar tal feito, não poderíamos descordar de tal luz que veio a clarear nossos pensamentos. De tal forma declaro que não apenas concordo, mas também desejo realizar uma nova descoberta nesse presente diálogo.

UbíraclesPois bem Brunófeles, dessa forma podemos agora avançar por novos caminhos com a segurança de não necessitarmos voltar para resgatar algo que possamos ter esquecido ou deixado passar.

Gostaria de perguntar-te: até então, conforme vimos, o objeto que poderia promover uma mudança do entendimento individual era algo sempre externo ao ser humano, concordas? Por exemplo: um comportamento imoral o é em função de ir contra ao comportamento esperado por uma maioria. Da mesma forma, um comportamento ou ação considerada ilegal o é em função de ir contra as leis estabelecidas. Concordas? Ou recordas de algum fator que não fosse externo ao indivíduo que tenhamos tratado até o presente momento?

Bronófeles: Sim caro mestre, também entendo que discutimos necessariamente sobre as causas externas, justamente por esse motivo chegamos a conclusão de não ser imoral ou ilegal no presente momento consumir carne animal.

UbíraclesVeremos então um meio de sair de tal labirinto!

Agora estimado compincha, pergunto-te: o que te pareces se confessar-te que eu não conseguiria me alimentar da carne ou fazer uso das vestes de um determinado animal, por exemplo, um javali, caso tivesse eu próprio que criá-lo para matá-lo para estes fins ou então, simplesmente caçá-lo em seu habitat e matá-lo? Essa minha incapacidade para tal ato seria decorrente, acredito, de uma certa compaixão para com o javali, que, por sua vez, me impede de matá-lo com minhas próprias mãos. Por outro lado, quando Galístides gentilmente me convida para cear em seu palácio, acabo por deliciar-me com um belo churrasco de carne de javali preparado pelos seus cozinheiros trazidos da França. Não diria neste caso caro Brunófeles, que eu estaria de certa forma errado não em relação à algo externo, mas em relação à meu próprio entendimento individual, quando me alimento da carne de um animal que, por compaixão, eu jamais conseguiria matar pessoalmente?

Bronófeles: Reflito que estás certo nobre pensador, acrescento ainda, não seria em parte falta de auto reflexão devido à distância que muitas vezes esses seres estão de nós?

Mas pensando em sua clara reflexão também me surgiu novos devaneios.  Pergunto-lhe caro ancião, será que optaríamos por comer esses animais, mortos por outras pessoas, por não conseguir mais ver ou ter contato com suas essências após a morte? Digo, me veio ao pensamento momentos em que precisei estar presente em velórios, momentos muitas vezes de tristeza, mas agora paro e penso que a tristeza não vinha do corpo que estava ali sendo velado, mas sim dos momentos passados que lembramos de tal pessoa, onde esta ainda possuía sua essência, mas que ali naquela caixa de madeira já não possui mais. Não seria por esse motivo que acabamos por descartar os corpos dos mortos, seja em covas ou gavetas, onde vivos jamais os colocaríamos?

Desta reflexão me surgiu que quando temos que criar ou matar um animal, quando mais presenciamos o seu âmago mais difícil será matá-lo, e talvez seja por esse motivo que temos muito mais facilidade em comprar um pedaço ao qual para nós não tem essência ou historia, do que propriamente matá-lo para servir-nos.

UbíraclesCaro Brunófeles, percebo sua aflição e angústia em entender tais questões. Entretanto, como mentor, cabe-me lembrar-lhe para não deixar a ansiedade fazer sombra à luz da razão de que necessitamos para trazermos de volta à tranquilidade em nossas almas em relação à tão importante problemática. Percebo que o que trazes para reflexão, por meio de teus devaneios, trata-se, se é que concordas comigo, de possivelmente um dos motivos pelos quais agimos de forma errada em relação ao nosso próprio entendimento.

Tal questão ficará mais clarificada se acrescentar ao teu conhecimento o fato de que, por exemplo, se eu te disser, por exemplo, que acredito que não estaria agindo de forma errada em relação ao meu entendimento quando me alimento de peixes. Bem sabes que frequentemente eu e Arispaulo saímos à pescar na baía de Salamina, e que, além de pescar necessito obviamente matar e limpar o peixe para depois consumi-lo.

Em um outro contexto, lembro por exemplo dos esquimós, que por falta de opção, necessitam se alimentar basicamente de animais marinhos, como as focas. Nesse caso, mesmo que o esquimó tenha conhecimento da descoberta da senciência dos animais, e que por esse motivo tenha criado um conflito em relação ao seu modo de vida ao passar a agir de forma incongruente à um novo entendimento individual, acredito que o mesmo não teria muitas opções para promover uma mudança de comportamento, qual seja, deixar de se alimentar dos animais marinhos.

O que tento clarificar é que os motivos pelos quais uma pessoa age de forma errada em relação ao seu entendimento individual pode depender, além do contexto em que ela está inserida, de muitos outros fatores. O meu caso seria um exemplo, pois em relação ao javali eu estaria agindo errado em relação ao meu entendimento, mas em relação aos peixes isso não. E se me perguntares o por que desta diferença que comportamento em relação ao javali e à um peixe, informe que infelizmente não saberia justificar-te.

Por isso, acredito que necessitamos aceitar os motivos pelos quais uma pessoa age de forma errada em relação ao seu entendimento como algo de natureza subjetiva, pois não creio ser possível nos colocarmos no mesmo contexto e condições da pessoa para podermos entendê-los. E isso ainda precisaria ser feito distintivamente – se quisermos entender seus motivos – para cada pessoa. Tal tarefa, portanto, acredito ser de responsabilidade de cada pessoa, qual seja, entender esse motivos o suficiente para promover uma mudança de comportamento de forma que essa passe a agir de forma correta em relação à um possível novo entendimento individual (alcançado por sua vez por meio do entendimentos dos motivos). Concordas comigo também nesse ponto estimado filósofo? Pois se sim, acredito que precisamos direcionar nossas reflexões para algo além disso, a fim de estabelecermos uma espécie de “regra geral” que possamos sugerir e ajudar cada pessoa nessa situação, qual seja, estar agindo de forma errada em relação ao seu entendimento individual. O que achas estimado Brunófoles? Concordas?

Bronófeles: Caro amigo, vejo que avançamos muito na busca por entendimentos que nos aproximem de uma coerência individual a partir dos conhecimentos que obtivemos da vida dos demais animais.

Pois bem, vejo-me concordante -levando como verdade seu exemplo do esquimó- com as necessidade individuais de cada pessoa, e sendo assim, como o esquimó não possui outra alternativa no seu estimado exemplo, vejo que este também não poderia considerar sua atitude incorreta, pois não caça ou pesca por ínfimos prazeres, mas sim por extrema (no caso de não possuir outra alternativa) necessidade.

Parece-me  caro mestre, que terias mais dificuldade em matar um javali do que um peixe, devido a forma de comunicação deste ser mais próxima a nós, ou estaria eu buscando justificativas muito fantasiosas? Eu particularmente, após a descoberta evidente de que peixes possuem uma vida, sentem dor, experimentam emoções,  e precisam exercer seus instintos, não conseguiria matar esse ser para servir como um alimento de puro prazer, mas em ultimo caso me colocando na situação de extrema necessidade (ultima alternativa, vida ou morte) não me veria sendo incorreto para comigo, assim como acredito que o esquimó também não sentiria.

De certo grande pensador, vejo sua proposta não apenas instigante, mas também importante para que possamos não apenas clarear nossos pensamentos individuais, mas para que possamos também clarear as reflexões de nossos iguais. Sendo assim, concordante de que existem forma diferentes de se pensar cada individuo em sua particularidade, qual seria sua proposta para uma possível regra geral mestre?

Ubíracles: Excelente claro Brunófeles! Não sabes como ouvir meus pensamentos ecoando por meio suas palavras ajudam-me a clarificá-los ainda mais!

Por isso creio que posso assim seguir estimado discípulo, de forma a tentar resolver uma coisa de cada vez. Bem… como não trataremos mais dos motivos que levam as pessoas a agirem de forma errada em relação ao seu entendimento individual, pergunto se então podemos dizer que, entre estas, existem aquelas que o fazem sem terem consciência de tal ato, e outras, o fazem com consciência. Não seria verdade?

Bronófeles: Esplêndido! Minhas reflexões para com o próximo sempre partem deste mesmo principio estimado amigo. Entendo assim como você que alguns tem consciência mesmo que parcial no momento de estarem se alimentando de uma animal que possui senciência, outros o fazem sem possuir tal conhecimento.

UbíraclesPois então caro Brunófeles… temo lhe dizer que o fato da descoberta de que os animais são seres sencientes não é aquele que dará a pessoa a consciência de estar agindo de forma errada em relação ao seu entendimento individual. Lembra-te que anteriormente havíamos descartado os fatores externos?

O que devemos buscar, creio, é “plantar” na pessoa uma contradição em relação ao seu próprio entendimento. Irei fazer uma analogia para ser mais claro: sabe-se que matar uma pessoa é crime. Na maioria das sociedades, civilizadas ao menos, trata-se tanto de um ato ilegal quanto imoral. Responde por esse ato, entretanto, não somente a pessoa que matou, mas também, caso ocorra, o mandante do assassinato, não é verdade? O mandante do assassinato responde pelo mesmo crime, o de assassinar alguém, tanto quanto o assassino em si. Em outras palavras, o mandante de um assassinato é também um assassino. Estou correto em minhas afirmações estimado discípulo?

Bronófeles: Esta correto sim mestre!

UbíraclesEntão caro colega, só vejo uma única coisa que podemos afirmar à qualquer pessoa que não tem consciência de estar agindo de forma errada que seria a seguinte: poderíamos afirmar à mesma que ela está errada em se alimentar de um determinado animal caso esta, por compaixão ou por qualquer outra razão de seu entendimento individual, não seja capaz de sacrificá-lo para este fim. Justificaria à mesma, que o fato dela não sacrificar diretamente o animal não à exime da responsabilidade de tal ato, sendo como se o tivesse feito, ainda que, por exemplo, a carne tenha sido comprada no mercado. Tal como ocorre com o mandante de um assassinato, como havia exemplificado. Dessa forma, ela estaria “traindo” seu próprio entendimento que lhe impede de sacrificar diretamente um determinado animal da qual se alimenta, mas que não lhe impede de se alimentar do mesmo quando sacrificado pela mão de outra pessoa. Essa pessoa, ao ter consciência dessa contradição, passaria a ter que viver com ela. Concordas?

Bronófeles: Pois bem grande companheiro, me vejo de acordo com tais premissas. Entendo que sim, esta pessoa deve saber que quando compra uma pedaço de animal no supermercado está automaticamente e diretamente sendo responsável pela morte do mesmo, ou melhor sendo mandante de tal ato.

Mas por mais que eu busque simplificar tal entendimento mestre, deve saber que não és de meu feitio transformar meus singelos pensamentos em algo simples, e por isso, deixo-te uma pergunta: Suponhamos que eu consiga matar um peixe com as próprias mãos para me alimentar do mesmo, entendo que através de sua reflexão não terias problema em tal ato, pois eu por conseguir matar tal animal e, não sentindo compaixão pelo mesmo não estaria traindo o meu próprio entendimento e poderia com tranquilidade usufruir de tal alimento, estou certo disso? Mas em contrapartida penso em um adepto ao canibalismo, imaginamos que tal individuo tenha a capacidade de matar outra pessoa para se alimentar desta, neste caso, assim como no do animal por puro  prazer. Portanto, se este individuo possui a capacidade de matar outra pessoa não traindo o seu entendimento de compaixão, este poderia dizer que não age de forma errada para com o seu entendimento, e assim, lhe dando o direito individual de praticar tal feito?

UbíraclesEstimado Brunófeles, primeiramente em relação ao exemplo dos peixes, estás sim correto. Não estaria agindo errado em relação ao seu entendimento enquanto que, ao se alimentar de peixes, não tenha problemas morais individuais em pescá-los, matá-los e prepará-los. Entretanto, acredito que estás a inferir que tal ato exclui a presença de compaixão. Lembra-te do exemplo dos indígenas e dos esquimós. Novamente, voltaríamos à necessidade de se considerar o contexto e circunstâncias da pessoa que pratica tal ato, implicando assim, em um julgamento do entendimento individual de outrem.

No caso dos canibais, lembra-te que havíamos falado que enquanto algo não for imoral nem ilegal, não encontraríamos fatores externos que determinasse que esta pessoa estaria agindo errado, e, por isso restara-nos a opção de apontar à mesma somente a existência de uma contradição que poderia existir no caso de um canibal se alimentar de outro ser humano, morto não por ele próprio, mas por outro canibal da tribo. Este por sua vez estaria agindo de forma errada em relação ao seu entendimento, pois não já não consegue matar outra pessoa para dela alimentar-se. Ao contrário, também haverá canibais nesta mesma tribo que não têm problemas em matar e se alimentar de outro ser humano, agindo assim, de forma correta em relação ao seu entendimento individual. Quanto ao primeiro canibal, teríamos êxito em fazê-lo, por meio da contradição, ter consciência do mesmo estar agindo de forma errada em relação ao seu entendimento individual. Já quanto ao segundo canibal, ainda não teríamos êxito neste momento, pois este ainda estaria agindo de forma correta em relação ao seu entendimento. Entretanto, tenho esperança que por meio da contradição que instauramos no primeiro canibal, este, a fim de solucionar o conflito interno, venha a buscar outras fontes de alimentos que não outros seres humanos e, o segundo canibal, ao perceber essa mudança de comportamento do primeiro, possa, aos poucos, ir mudando seu entendimento individual.

Da mesma forma posso dizer em relação ao conflito que instaurastes em minha pessoa caro Brunófeles, pois estou agindo errado em relação ao meu entendimento quando me alimento de javali, mas não estou agindo errado quando me alimento de peixes. Creio que, para resolver essa contradição em minha consciência, seja mais provável eu vir a não me alimentar mais de javalis do que passar a conseguir matá-los. À medida que incorporo tal mudança de comportamento, de forma gradual acredito, é provável também que eu mude meu olhar também em relação aos peixes e assim sucessivamente para outros seres com os quais talvez não tenhamos hoje a mesma compaixão, como por exemplo também os insetos, etc. Quem sabe um dia, talvez faça como os monges budistas, que identificam o caminho das formigas com cavaletes para evitar que alguém pise-as e as mate.

Resumindo estimado discípulo, era isso que eu tinha a refletir em relação às pessoas que ainda não têm consciência de estarem agindo errado de acordo com seu entendimento individual e qual seria nosso papel enquanto filósofos. O que achas disso tudo estimado discípulo? Pois assim que concluirmos esta reflexão, gostaria de debruçar meus pensamentos sobre àquelas pessoas que têm consciência de estarem agindo errado em relação ao seu entendimento e, ainda assim o fazem, de quais tipos seriam, e o que poderíamos fazer enquanto filósofos em relação à mesmas.

Bronófeles: Não poderias descrever se não como esplendorosas tais palavras caro mestre. Percebo que já como esperado acabas de parir nossas ideias.

Vejo grande amigo que não existe até o momento um erro em comer carne, mas que sim pode existir um erro para com nossas próprias certezas, ou seja, um erro individual de si para com si. Confesso que aprendi com suas indagações que não devemos apenas analisar casos externos para um julgamento, mas que precisamos sempre entender que existe um fator interno para as tomadas de decisão de cada pessoa, e que a partir desse fator interno é que cada uma pode refletir e tomar novas decisões para que aja de acordo com o seu consciente e não mais traindo-o.

Não sabes o quanto fico feliz em ouvir que está a encontrar-se com suas decisões sabiamente grande amigo e que nossas conversas vem se tornando progressiva tanto para a construção do seu pensamento quanto para a desconstrução de minhas certezas. Aliás, não poderias eu julgar o ato de comer carne, sendo um mero iniciante nesse desmembrar-se de uma cultura carnista. Entretanto devo confessar que encontrei em minhas reflexões proximidades que nunca imaginei que poderia ter com outros animais e, ver suas angustias ou vidas minimizadas me atormenta profundamente, por isso não apenas acredito ser prudente, mas também necessário para o meu crescimento individual buscarmos entender, conforme propôs em sua fala, o que move as pessoas que tem consciência de estarem agindo errada para com seus entendimentos e ainda assim seguem perpetuando tal erro.

Sabe velho amigo, fico pensando em como alguns minutos de conversa podem mudar o rumo ao qual dávamos as nossas vidas, me vejo sempre bem amparado com seu auxilio a chegar a novas conclusões e agora entendo quando nosso amigo que nos deu a honra de pensar em parir nossas ideias diz que uma vida sem reflexão não vale apena ser vivida.

UbíraclesEstimado Brunófeles, qualquer coisa que eu dizer agora ofuscará o brilho de suas palavras. Só posso dizer que são momentos como esse que tivemos que ajudam a responder à uma das perguntas mais enigmáticas para um filósofo: qual o sentido da vida?

Continuamos, mas, primeiro, um merecido descanso!

< fim do segundo diálogo>

 

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