O que é ciência afinal? – A. F. CHALMERS

O INDUTIVISMO E SEUS PROBLEMAS:

Resumo dos Capítulos I e II

por: Ubirajara T Schier


Capítulo I

INDUTIVISMO: CIÊNCIA COMO CONHECIMENTO DERIVADO DOS DADOS DA EXPERIÊNCIA


Quanto às características do conhecimento científico na visão do senso comum:

Segundo o autor, o conhecimento científico fornece condições para que algo possa ser “provado” e “atestado” como verdadeiro. Para tanto, algumas características são essenciais, como a objetividade e a impessoalidade. 

Conhecimento científico é conhecimento provado. As teorias científicas são derivadas de maneira rigorosa da obtenção dos dados da experiência adquiridos por observação e experimento. A ciência é baseada no que podemos ver, ouvir, tocar etc. Opiniões ou preferências pessoais e suposições especulativas não têm lugar na ciência. A ciência é objetiva. O conhecimento científico é conhecimento confiável porque é conhecimento provado objetivamente. (CHALMERS, p.19)

Com efeito, é preciso que além do reconhecimento do resultado do final entregue pelo conhecimento científico é preciso ressaltar em que bases o mesmo foi produzido em termos dos limites que se pode atingir da objetividade e impessoalidade por meio do uso de sua metodologia.

Indutivismo ingênuo:

Segundo o autor:

De acordo com o indutivista ingênuo, a ciência começa com a observação. O observador científico deve ter órgãos sensitivos normais e inalterados e deve registrar fielmente o que puder ver, ouvir etc. em relação ao que está observando, e deve fazê-lo sem preconceitos. Afirmações a respeito do estado do mundo, ou de alguma parte dele, podem ser justificadas ou estabelecidas como verdadeiras de maneira direta pelo uso dos sentidos do observador não preconceituoso. As afirmações a que se chega (vou chamá-las de proposições de observação) formam então a base a partir da qual as leis e teorias que constituem o conhecimento científico devem ser derivadas.

Grandes descobertas revelaram a ciência como uma fonte de conhecimento. Para Galileu, segundo avaliado por  H. D. Anthony:

Para ele, os dados eram tratados como dados, e não relacionados a alguma ideia preconcebida… Os dados da observação poderiam ou não se adequar a um esquema conhecido do universo, mas a coisa mais importante, na opinião de Galileu, era aceitar os dados e construir a teoria para adequar-se a eles.

No indutivismo ingênuo, o conhecimento científico têm origem puramente a partir das observações feitas a partir das experiências que fornecem uma base segura para o desenvolvimento das ideias e teorias.

As observações dos fenômenos fornecem condições para o desenvolvimento de afirmações singulares, extraídas a partir da ocorrência de fenômenos ocorridos em um determinado lugar e em um determinado tempo.

Segundo o método indutivista, sobre as afirmações singulares é possível generalizar e constituir afirmações universais: todos eventos de um determinado tipo que ocorrem em qualquer lugar à qualquer tempo.

…desde que certas condições sejam satisfeitas, é legítimo generalizar a partir de uma lista finita de proposições de observação singulares para uma lei universal (CHALMERS, p.21)

O processo de generalização, que permitirá o desenvolvimento de afirmações universais justificadas a partir de afirmações singulares, precisam atender 3 requisitos:

1. o número de proposições de observação que forma a base de uma generalização deve ser grande;
2. as observações devem ser repetidas sob uma ampla variedade de condições;
3. nenhuma proposição de observação deve conflitar com a lei universal derivada.

(CHALMERS, p.21)

O que implica, em outras palavras:

  • que os fenômenos não podem ser analisados de forma isolada, é preciso que a amostragem possa representar significativamente a população (o todo);
  • que uma única ocorrência contrária às demais observadas impedem a generalização e a constituição deu uma afirmação universal;

Destes conceitos é que pode-se dizer, segundo o autor, que a ciência é baseada no princípio da indução, qual seja:

Se um grande número de As foi observado sob uma ampla variedade de condições, e se todos esses As observados possuíam sem exceção a propriedade B, então todos os As têm a propriedade B.

Raciocínio lógico e dedutivo:

Em contraposição à indução, a dedução parte de uma afirmação universal estabelecida, verifica se os fenômenos observados obedecem ou não à esta afirmação, e com base nisso chega à uma conclusão lógica.

Verifica-se basicamente se o singular está contido no universal. Se estiver, aquilo que se afirma em relação ao todo – universal – terá validade para os singulares observados.

A dedução permite, pelo processo de “dedução lógica” por assim dizer, que se chegue à conclusões válidas à respeito das afirmações.

A veracidade das conclusões dependerá, entretanto, da veracidade, tanto da afirmação universal utilizada quanto da afirmação singular observada. As conclusões poderão ser, desta forma, válidas porém inverídicas, válidas e verídicas ou simplesmente inválida. Como no exemplo:

1. Todos os livros de filosofia são chatos.
2. Este livro é um livro de filosofia.
3. Este livro é chato.

Neste exemplo, a conclusão é válida e verdadeira quando se assume como afirmação universal verdadeira, o fato de que todos os livros de filosofia são chatos (verdade essa que poderia facilmente ser contestada facilmente por qualquer fã de filosofia).

1. Muitos livros de filosofia são chatos.
2. Este livro é um livro de filosofia.
3. Este livro é chato.

Já neste exemplo a conclusão é inválida, pois infere ao determinar que o livro de filosofia em questão pertence ao universo dos livros de filosofia classificados como chatos de acordo com a afirmação universal.

Segundo o autor:

Mas um ponto que precisa ser enfatizado aqui é que a lógica e a dedução por si só não podem estabelecer a verdade de afirmações factuais como as que aparecem em nossos exemplos. Tudo o que a lógica pode oferecer a esse respeito é que, se as premissas são verdadeiras, então a conclusão deve ser verdadeira. Mas se as premissas são ou não verdadeiras é uma questão que não pode ser resolvida com um recurso à lógica. (CHALMERS, p.21)

A lógica da dedução é simples: se o singular pertence ao todo, então o que se afirma em relação ao todo se aplica também, obrigatoriamente, ao singular. Como no famoso exemplo:

Afirmação universal: Todos os homens são mortais.

Afirmação singular: Sócrates é homem.

Conclusão: Logo, Sócrates é mortal.

 


Capítulo II

O PROBLEMA DA INDUÇÃO


 

1) Um dos problemas diz respeito ao princípio da indução, se o mesmo pode ser justificado:

Conforme o autor:

Argumentos lógicos válidos caracterizam-se pelo fato de que, se a premissa do argumento é verdadeira, então a conclusão deve ser verdadeira. Os argumentos dedutivos possuem este caráter. O princípio de indução certamente se justificaria se argumentos indutivos também o possuíssem. Mas eles não o possuem. Os argumentos indutivos não são argumentos logicamente válidos. Não é o caso de que, se as premissas de uma inferência indutiva são verdadeiras, então a conclusão deve ser verdadeira. É possível a conclusão de um argumento indutivo ser falsa embora as premissas sejam verdadeiras e, ainda assim, não haver contradição envolvida. (CHALMERS, p.21)

No exemplo do autor, suponhamos que se tenha observado uma grande quantidade de corvos, sob uma ampla variedade de circunstâncias e que verificou-se que todos os corvos observados eram pretos, e que disto conclui-se que todos os corvos são pretos.

Na indução, com base na observação feita acerca dos corvos, infere-se de que todos os corvos são pretos, uma vez que não observou-se nenhum apresentando outra cor. Essa afirmação universal, constituída a partir de uma inferência, tem como base a amostragem dos corvos observada e todos os corvos em sua totalidade.

Como ressalta o autor:

Não há nenhuma contradição lógica em afirmar que todos os corvos observados se revelaram pretos e também que nem todos os corvos são pretos. A indução não pode ser justificada puramente em bases lógicas. (CHALMERS, p.21)

Desta forma, por meio da indução só se considerar como verdadeira a afirmação de que todos os corvos observador são pretos, o que não necessariamente, implica que de fato, na realidade, todos os corvos são pretos.

O recuo para a probabilidade:

Além de outras limitações do metodo indutivo, como por exemplo, a falta de objetividade na determinação no quantidade de ocorrências do fenômeno e da ampla variedade de circunstâncias, o próprio princípio indutiva, por sua própria natureza, não pode assegurar que o princípio indutivo é bem sucedido em todas as situações em que é aplicado.

Por esse motivo, uma das alternativas para minimizar o fato de que as conclusões obtidas indutivamente podem estar baseadas em inferências inválidas, é que trata as afirmações em termos de probabilidade.

Voltando ao exemplo dos corvos, pode-se afirmar como verdadeiro o fato de que, com base nos corvos observados, é provável que todos os corvos são pretos. A probabilidade é relativa, e depende do número e das circunstâncias dos corvos observados (é uma questão de estatística). As conclusões indutivas, são por assim dizer, provavelmente verdadeiras (pois existirá sempre uma possibilidade da observação de uma ocorrência invalidar a conclusão).

Portanto, quando se refere-se à utilização da indução no método científico, pode-se dizer que, nas palavras do autor:

Conhecimento científico não é conhecimento comprovado, mas representa conhecimento que é provavelmente verdadeiro. Quanto maior for o número de observações formando a base de uma indução e maior a variedade de condições sob as quais essas observações são feitas, maior será a probabilidade de que as generalizações resultantes sejam verdadeiras. (CHALMERS, p.34)

Nesse caso, o princípio da indução defendido pelo autor necessitaria ser adaptado para:

“Se um grande número de As foi observado sob uma ampla variedade de condições, e se todos esses As observados, sem exceção, possuíam a propriedade B, então todos os As provavelmente possuem a propriedade B” (CHALMERS, p.34)

Ainda assim, mesmo essa adaptação não resolve o problema de justificação da indução, uma vez que ele próprio só pode ser justificado em termos de probabilidade, ou seja, é provável que o princípio indutivo seja bem sucedido em sua utilização, bem como, ao mesmo tempo, é prováel que não.

Basicamente, a justificação da indução é racional, incompatível quando se trata as questões em termos de probabilidade. Não existe certeza na probabilidade, por isso, não se pode afirmar nada como verdadeiro. Podemos dizer que a probabilidade não é racional e sim pragmática.

Segundo o autor:

Há várias respostas possíveis ao problema da indução. Uma delas é a cética. Podemos aceitar que a ciência se baseia na indução e aceitar também a demonstração de Hume de que a indução não pode ser justificada por apelo à lógica ou à experiência, e concluir que a ciência não pode ser justificada racionalmente.  (CHALMERS, p.37)

Conclui-se portanto que o problema da indução enquanto método científico se baseia no fato de que produz resultados sempre em termos de probabilidades e, em função disso, ainda que produza resultados aceitos, não é, em sua essência racional. As afirmações universais generalizadas pela indução sempre carregarão um grau de incerteza: “provavelmente verdadeiro”.

 


TEORIAS COMO ESTRUTURAS:
OS PARADIGMAS DE KUHN

Resumo do Capítulo VIII

por: Ubirajara T Schier


Neste capítulo, Chamers apresenta a visão de Khun quanto ao comportamento das teorias científicas no contexto temporal do progresso científico. De acordo com Kuhn, o progresso científico ocorre nas seguintes etapas:

                  1. pré-ciência
                  2. ciência normal
                  3. crise-revolução
                  4. nova ciência normal
                  5. nova crise

Como explica Chalmers:

A atividade desorganizada e diversa que precede a formação da ciência torna-se eventualmente estruturada e dirigida quando a comunidade científica atém-se a um único paradigma. Um paradigma é composto de suposições teóricas gerais e de leis e técnicas para a sua aplicação adotadas por uma comunidade científica específica. Os que trabalham dentro de um paradigma, seja ele a mecânica newtoniana, ótica de ondas, química analítica ou qualquer outro, praticam aquilo que Kuhn chama de ciência normal. Os cientistas normais articularão e desenvolverão o paradigma em sua tentativa de explicar e de acomodar o comportamento de alguns aspectos relevantes do mundo real tais como relevados através dos resultados de experiências. Ao fazê-lo experimentarão, inevitavelmente, dificuldades e encontrarão falsificações aparentes. Se dificuldades deste tipo fugirem ao controle, um estado de crise se manifestará. Uma crise é resolvida quando surge um paradigma inteiramente novo que atrai a adesão de um número crescente de cientistas até que eventualmente o paradigma original, problemático, é abandonado. A mudança descontínua constitui uma revolução científica. O novo paradigma, cheio de promessa e aparentemente não assediado por dificuldades supostamente insuperáveis, orienta agora a nova atividade científica normal até que também encontre problemas sérios e o resultado seja uma outra revolução. (CHALMERS, p.112)

1. Os paradigmas na pré-ciência

Segundo Chalmers/Kuhn, a estruturação de uma ciência normal necessita primeiramente que exista um paradigma científico aceito e compartilhado em uma determinada comunicada científica. A partir deste paradigma – e somente a partir deste único paradigma – é que ocorrerá a estruturação de uma ciência normal na respectiva comunidade científica onde este paradigma se encontra estabelecido.

2. Os paradigmas na ciência normal

Nesta etapa, o mesmo paradigma que possibilitou a estruturação e organização de uma ciência normal é o mesmo paradigma que segue coordenando-a e governando-a. É ele que irá determinar os padrões de trabalho para a ciência que governa.

Segundo Kuhn na visão de Chalmers:

A existência de um paradigma capaz de sustentar uma tradição de ciência normal é a característica que distingue a ciência da não-ciência, segundo Kuhn. (CHALMERS, p.112)

 

Kuhn retrata a ciência normal como uma atividade de resolução de problemas governada pelas regras de um paradigma. Os problemas serão tanto de natureza teórica quanto experimental. (CHALMERS, p.114)

 

Segundo Chalmers:

A ciência normal implica tentativas detalhadas de articular um paradigma com o objetivo de melhorar a correspondência entre ele e a natureza. Um paradigma será sempre suficiente mente impreciso e aberto para que se precise fazer muito trabalho desse tipo.  (CHALMERS, p.114)

 

Os cientistas normais devem pressupor que um paradigma lhes dê os meios para a solução dos problemas propostos em seu interior. Um fracasso em resolver um problema é visto como um fracasso do cientista e não como uma falta de adequação do paradigma. Problemas que resistem a uma solução são vistos mais como anomalias do que como falsificações de um paradigma. (CHALMERS, p.114)

 

Um cientista normal não deve ser crítico do paradigma em que trabalha. Somente assim ele será capaz de concentrar seus esforços na articulação detalhada do paradigma e de fazer o trabalho esotérico que é necessário para sondar a natureza em profundidade. (CHALMERS, p.115)

Segundo Chalmers, para Kuhn sempre existirão a ocorrência de anomalias em toda ciência normal regida por um determinado paradigma. Nestas situações, Kuhn utiliza a noção de “jogos” de Wittgeinstein para determinar o destino de cada anomalia. Uma anomalia poderá ser encarada simplesmente como algo ainda não explicado pela ciência normal, porém com a expectativa de que isso ocorra, por meio dos avanços científicos suportados pelo paradigma atual. Por outro lado, essa anomalia pode “não fazer parte do jogo”, ou seja, a mesma é colocada fora do escopo de alcance do paradigma atual.

3. Os paradigmas na crise e revolução

Pode-se dizer que uma crise têm início a partir da ocorrência de uma anomalia cuja explicação não encontra resposta no paradigma atual. Apesar de iniciada, não é a simples existência de anomalias que instaura de fato a crise. Isso ocorre quando o somatório da ocorrência e da força das anomalias enfraquece o paradigma atual a tal ponto em que vê-se a necessidade de iniciar as buscas por um outro paradigma capaz de apontar uma direção para obtenção das respostas não fornecidas pelo paradigma atual.

Segundo Chalmers:

A mera existência de enigmas não resolvidos dentro de um paradigma não constitui uma crise. Kuhn reconhece que os paradigmas sempre encontrarão dificuldades. Anomalias haverá sempre. É somente sob conjuntos especiais de condições que as anomalias podem se desenvolver de maneira a solapar a confiança num paradigma. Uma anomalia será considerada particularmente séria se for vista atacando os próprios fundamentos de um paradigma e resistindo, entretanto, persistentemente, às tentativas dos membros de uma comunidade científica normal para removê-la. (CHALMERS, p.117)

Quanto à seriedade da crise, afirma Chalmers:

A seriedade de uma crise se aprofunda quando aparece um paradigma rival. “O novo paradigma, ou um indício suficiente para permitir uma articulação posterior, surge de imediato, algumas vezes no meio da noite, na mente de um homem profundamente imerso na crise. O novo paradigma será diferente do antigo e incompatível com ele. As diferenças radicais serão de vários tipos.  (CHALMERS, p.118)

Paradigmas rivais considerarão diferentes tipos de questões como legítimas ou significativas. Questões a respeito do peso eram importantes para os teóricos do flogisto e insignificantes para Lavoisier. Questões a respeito da massa dos planetas eram fundamentais para os newtonianos e heréticas para os aristotélicos. O problema da Terra relativa ao éter, de significação profunda para os físicos pré-einsteinianos, foi dissolvido por Einstein. Propondo, igualmente, diferentes tipos de questões, os paradigmas envolverão padrões diferentes e incompatíveis. (CHALMERS, p.118)

Uma última “sub-etapa” ocorre quando na aceitação do novo paradigma, que ocorre da seguinte forma segundo Chalmers:

Uma revolução científica corresponde ao abandono de um paradigma e adoção de um novo, não por um único cientista somente, mas pela comunidade científica relevante como um todo. À medida que um número cada vez maior de cientistas individuais, por uma série de motivos, é convertido ao novo paradigma, há um deslocamento crescente na distribuição de adesões profissionais.  (CHALMERS, p.118)

É a partir desse momento em que um novo paradigma é aceito e reestrutura uma nova ciência normal que possibilite explorar em um novo terreno as respostas para as anomalias não contempladas pelo paradigma atual. E essa é a função das revoluções científicas, segundo Chalmers:

Mas não há motivo algum, a priorí, para que se espere que um paradigma seja perfeito, ou mesmo o melhor disponível. Não existem procedimentos indutivos para se chegar a paradigmas perfeitamente adequados. Consequentemente, a ciência deve conter em seu interior um meio de romper de um paradigma para um paradigma melhor. Esta é a função das revoluções. Todos os paradigmas serão inadequados, em alguma medida, no que se refere à sua correspondência com a natureza. Quando esta falta de correspondência se torna séria, isto é, quando aparece crise, a medida revolucionária de substituir todo um paradigma por um outro torna-se essencial para o efetivo progresso da ciência.  (CHALMERS, p.122)


 

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