Resumo: “Sem fins lucrativos” – de Martha Nussbaum

Sem Fins Lucrativos

Capítulo VI: Cultivar a imaginação: a literatura e as artes

Os cidadãos não conseguem se relacionar de maneira adequada com o mundo complexo que os rodeia unicamente por meio do conhecimento factual e da lógica. A terceira qualidade do cidadão, intimamente relacionada às outras duas, é o que podemos chamar imaginação narrativa. Isso significa a capacidade de pensar como deve ser se encontrar no lugar de uma pessoa diferente de nós, de ser um intérprete inteligente da história dessa pessoa e de compreender as emoções, os anseios e os desejos que alguém naquela situação pode ter.

(MN, Sem fins lucrativos, p.96)

  • Trata de uma terceira qualidade necessária ao ser humano, a empatia;
  • A empatia qualidade necessária para uma Democracia;
  • A empatia é desenvolvida nas crianças por meio da interação em um espaço lúdico, onde as crianças brincam e se desenvolvem em uma interação descompromissada uma para com as outras;
  • No ensino superior, a literatura e as artes seriam os instrumentos para manutenção desse espaço lúdico para criação (ou recuperação) da capacidade de compreensão e empatia que não tenha sido desenvolvida ou foi perdida durante a passagem da criança para a fase adulta;
  • A autora procura reforçar por meio dos trabalhos desenvolvidos por Winnicott, que desenvolveu e acompanhou muitas crianças e observou a necessidade do espaço lúdico para um desenvolvimento humano com alteridade;

Como um médico que examinou um grande número de crianças saudáveis, Winnicott confiava no desdobramento do pros cesso de desenvolvimento, o qual, se tudo corresse bem, produzi ria a preocupação ética — e a base de uma democracia saudável como uma consequência de antigos conflitos.

(MN, Sem fins lucrativos, p.98)

Brincar é um tipo de atividade que acontece no espaço entre as pessoas – o que Winnicott chama de “espaço potencial”. Nesse lugar, as pessoas (primeiro as crianças, depois os adultos) experimentam a noção de alteridade de forma menos ameaçadora do que a que o encontro direto com o outro pode muitas vezes provocar. Elas adquirem, assim, uma prática inestimável no exercício da empatia e da reciprocidade.

(MN, Sem fins lucrativos, p.98)

 

Winnicott enfatizava com frequência que a atividade lúdica tem um papel importante na formação da cidadania democrática. A igualdade democrática traz vulnerabilidade.

(MN, Sem fins lucrativos, p.101)

 

Como os adultos mantém a capacidade de brincar após terem deixado para trás o universo das brincadeiras de criança? Winnicott sustentava que as artes têm um papel fundamental nisso. Ele defendia que a principal função da arte em todas as culturas é preservar e intensificar o desenvolvimento do espaço lúdico.

(MN, Sem fins lucrativos, p.101)

Tais educadores* logo perceberam que a contribuição mais importante das artes para a vida depois da escola era fortalecer os recursos emocionais e criativos da personalidade, dando às crianças a capacidade de compreender tanto à si como os outros, algo que, caso contrário, lhes faltaria.

*educadores progressistas mais antigos como Froebel, Pestalozzi

(MN, Sem fins lucrativos, p.102)

Ambos os escritores* afirmam que, para alcançar a compreensão plena de que o cidadão democrático precisa, não basta saber que Os estigma sociais e a desigualdade existem; ele tem de passar pela experiência de participar da posição estigmatizada, algo que tanto o teatro como a literatura possibilitam. As reflexões de Tagore e de Ellison dão a entender que as escolas que desprezam as artes desprezam oportunidades importantes de defender a cooperação democrática.

*Tagore e Ellison

(MN, Sem fins lucrativos, p.107)

Em outras palavras, as artes desempenham um papel duplo das escolas e nas faculdades. Elas desenvolvem a capacidade de brincar e de sentir empatia de modo geral e tratam de pontos cegos culturais específicos. O primeiro papel pode ser desempenhado por meio de atividades executadas fora do período em que o aluno se encontra na escola, embora não qualquer atividade escolhida ao acaso. O segundo exige um foco mais preciso em áreas de inquietação social. Os dois papéis estão, de certa forma, conectados, já que a capacidade geral, uma vez desenvolvida, faz com que seja muito mais fácil tratar de um ponto cego resistente.

MN, Sem fins lucrativos, p.107)

 

 

Be the first to comment on "Resumo: “Sem fins lucrativos” – de Martha Nussbaum"

Leave a comment