O Hedonismo em Scanlon e Moore

Referências:

MOOREG. E.Hedonism. In: PRINCIPIA EthicaLondresCambridge University Press1922. cap. 3p. 59-109.

SCANLONT. M.Well-Being. In: WHAT We Owe to Each OtherLondresHarvard University Press2000. cap. 3p. 108-143.


Concordâncias:

  1. Crítica ao Reducionismo: Tanto Scanlon quanto Moore criticam tentativas de reduzir a complexidade do bem-estar ou do bom a conceitos simples ou únicos, como o prazer no caso do Hedonismo. Ambos argumentam contra a ideia de que há um único valor (como o prazer para os hedonistas) que possa servir de base para todas as considerações éticas.
  2. Importância do Bem-estar e do Prazer: Os dois autores reconhecem a importância do bem-estar e do prazer na vida humana. Eles concordam que o prazer tem um papel no bem-estar, mas argumentam que não é o único componente ou critério para julgar o que é bom.

Discordâncias:

  1. Fundamento do Bem: Scanlon e Moore diferem significativamente em suas concepções fundamentais sobre o que constitui o bem. Enquanto Moore critica o hedonismo por reduzir o bem ao prazer, argumentando que essa visão falha ao ignorar outros valores, Scanlon discute o bem-estar em termos mais pluralistas, considerando uma variedade de fatores que contribuem para uma vida boa, sem se concentrar unicamente no prazer.
  2. Falácia Naturalista: Moore identifica e critica especificamente o que ele chama de “falácia naturalista” – a confusão de propriedades naturais (como o prazer) com propriedades éticas (como o bem). Scanlon, por outro lado, se concentra mais na crítica de concepções unidimensionais de bem-estar, sem dar ênfase específica à crítica da falácia naturalista da mesma forma que Moore.

Pontos Deixados em Aberto:

  1. Definição de Bem-estar: Ambos os autores deixam em aberto a questão de uma definição abrangente de bem-estar. Eles criticam visões reducionistas e propõem abordagens mais complexas, mas não oferecem uma definição conclusiva do que constitui o bem-estar, reconhecendo sua complexidade.
  2. Papel da Razão e da Intuição: Moore e Scanlon reconhecem a importância da razão e da intuição na compreensão do que é bom ou valioso. No entanto, a relação exata entre raciocínio ético e intuição moral, e como esses aspectos se combinam para formar uma compreensão completa do bem-estar e do bem, permanece um tópico complexo e aberto à interpretação.

Conclusão:

Os textos de Scanlon e Moore oferecem insights valiosos e críticas penetrantes sobre concepções de bem-estar, prazer e valor. Embora compartilhem algumas preocupações críticas sobre reducionismos éticos, eles divergem em suas abordagens filosóficas e ênfases teóricas. A leitura conjunta dessas obras enriquece a compreensão da ética ao destacar a importância da pluralidade de valores na avaliação do que constitui uma vida boa e moralmente valiosa.

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