Fichamento de “Articulating Reasons: An Introduction to Inferentialism” de Robert B. Brandom
Introdução ao Inferencialismo
Definição e Importância:
- Inferencialismo Fraco, Forte e Hiperinferencialismo: Brandom define três níveis de inferencialismo. O inferencialismo fraco considera que a articulação inferencial é necessária para a demarcação do conceitual. O inferencialismo forte, que Brandom endossa, afirma que essa articulação é suficiente para explicar o conteúdo conceitual de forma ampla. Já o hiperinferencialismo considera suficiente uma articulação inferencial estrita, sem considerar circunstâncias não inferenciais.
Holismo Semântico:
- O inferencialismo implica um tipo de holismo semântico, onde o entendimento do conteúdo conceitual de uma frase ou palavra depende das relações inferenciais com outras frases ou palavras. Para entender um conceito, é necessário compreender muitos outros conceitos, o que apresenta desafios para a estabilidade dos conteúdos conceituais sob mudança de crença e comunicação entre indivíduos.
Primazia Proposicional:
- A explicação semântica inferencialista reverte a ordem tradicional, começando pelas propriedades das inferências e explicando o conteúdo proposicional antes de avançar para os conteúdos conceituais expressos por termos singulares e predicados.
Conceitos-Chave e Argumentos
Expressivismo Lógico:
- Brandom destaca que o vocabulário lógico tem um papel expressivo distintivo: torna explícitas as inferências que são implícitas nos conteúdos conceituais de conceitos não lógicos. Essa visão requer uma noção de inferência não lógica, que conferem conteúdo conceitual às sentenças envolvidas.
Normatividade e Prática Discursiva:
- A prática discursiva envolve tanto dimensões de compromisso quanto de direito (entitlement). Asserir algo implica em comprometer-se com a necessidade de justificativa, aceitando a propriedade de demandas por razões sob certas circunstâncias.
Conceitos e Relatos Não Inferenciais:
- Brandom argumenta que mesmo os relatos não inferenciais, como a descrição de propriedades observáveis, devem ser articulados inferencialmente. A diferença crucial entre um termostato que responde a estímulos e um relator genuíno é a posse do conceito e a capacidade de usar esse conceito de forma inferencial.
Estrutura da Razão Prática:
- A razão prática é analisada em termos de compromissos inferenciais. Brandom apresenta diferentes padrões de raciocínio prático, destacando a importância de normas prudenciais, institucionais e incondicionais, cada uma correspondendo a diferentes tipos de raciocínio prático.
Exemplos Ilustrativos
- Inferencialismo Fraco vs. Forte:
- Se uma pessoa usa o conceito “vermelho”, no inferencialismo fraco, isso implica apenas um compromisso inferencial. No inferencialismo forte, esse uso é suficiente para definir o conteúdo conceitual do “vermelho” de maneira abrangente.
- Raciocínio Prático:
- Exemplos de raciocínio prático incluem: “Apenas abrir meu guarda-chuva me manterá seco, então vou abrir meu guarda-chuva” (norma prudencial), “Sou um funcionário de banco indo trabalhar, então usarei uma gravata” (norma institucional), e “Repetir a fofoca prejudicaria alguém sem propósito, então não repetirei a fofoca” (norma incondicional).
Trechos Fundamentais
- Sobre a Necessidade de Articulação Inferencial:
“I call the view that inferential articulation is a necessary element in the demarcation of the conceptual ‘weak inferentialism’. The view that inferential articulation broadly construed is sufficient to account for conceptual content I call ‘strong inferentialism’” (p. 29).
- Sobre a Primazia Proposicional:
“Thus inferentialism semantic explanations reverse the traditional order: beginning with proprieties of inference, they explain propositional content, and in terms of both go on to explain the conceptual content expressed by subsentential expressions such as singular terms and predicates” (p. 30).
Referências
- Brandom, Robert B. “Articulating Reasons: An Introduction to Inferentialism.” Harvard University Press, 2001.
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